sábado, 26 de novembro de 2016

MITO DO MILHO



Altair Sales Barbosa

Segundo um narrativa Pareci, índios que falam Língua Pareci do tronco Aruak e habitam as chapadas dos Parecis no estado de Mato Grosso, há muito tempo um velho muito sábio pressentindo o final de sua vida, chamou seu filho mais novo e pediu-lhe que quando falecesse fosse enterrado no meio da roça. Disse ainda ao filho que três dias depois, brotaria em cima de sua cova uma planta de folhas longas que iria crescer e em seguida produziria algumas sementes protegidas por uma espécie de túnica.


Pediu ao filho que colhesse essas sementes quando maduras, mas que não as comesse, deveria plantar e toda a aldeia ganharia um presente precioso.
Assim se fez e apareceu o milho.

Comentários:
Este mito foi coletado por Altair Sales Barbosa em 1972, entre os índios Pareci.
O mesmo mito aparece com variações em diversos povos indígenas do Brasil.
Ver por exemplo Brandenburger, Clemente – “Lendas dos nossos índios” – Rio de Janeiro 1931. Esse autor constatou variações desse mito entre diversos indígenas, dentre os quais os índios de língua Tupi, que narram a origem do “avati”.


É sabido que esse cereal classificado botanicamente como Zea mays, tem sua origem associada a grupos indígenas e certas áreas endêmicas do México.  Locais onde aconteceu sua domesticação por volta de 7.000 anos A.C. A origem de tais mitos entre povos indígenas do Brasil pode ser devida ao fato da larga utilização desse vegetal como alimento e da importância que lhes atribuía a população indígena brasileira.


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