quinta-feira, 30 de junho de 2016

TERRA - PLANETA DINÂMICO


Altair Sales Barbosa

O INTERIOR DA TERRA

De acordo com estudos da Física Contemporânea que baseia suas conclusões na dispersão das micro-ondas, acredita-se que o Universo hoje conhecido, tenha se originado há cerca de 13 bilhões de anos. Por outro lado, a Terra juntamente com o Sistema Solar se formou há 4 bilhões e 600 milhões de anos. No início da sua história, a Terra era frequentemente bombardeada por pequenos planetas e meteoritos. Esse fenômeno convertia a sua superfície em um mar de magma, mas também liberava para a primitiva atmosfera do planeta vapores de água, oriundos da fissura de minerais silicatados. A Terra era portanto no início uma bola de fogo. Por volta de 4 bilhões e 300 milhões de anos, a superfície esfriou o bastante para permitir a precipitação da água atmosférica. Assim, o Planeta foi recoberto por um oceano que o circundava todo, numa profundidade média de 4 km. A precipitação dessa água possibilitou a formação da crosta terrestre, formada de basaltos antigos. Mais tarde a presença da água em estado líquido, permitiu a formação em grandes profundidades do granito, que pela sua densidade emergiu até a superfície formando as terras emersas, que mais tarde iriam se constituir nos continentes atuais. O mar primitivo que circundava o planeta ainda sequestrou Carbono da atmosfera possibilitando a formação de rochas carbonatadas, incluindo o Calcário.

A Crosta Terrestre, também conhecida como Crosta Continental ou Placa Crustal, resultou desse resfriamento e é constituída em sua maior parte por material sólido, tendo até 100 km de profundidade, que varia de espessuras maiores nas montanhas até espessuras menores no fundo oceânico, tendo como média 30 km. A crosta não é contínua, mas se nos apresenta na forma de grandes placas que flutuam sobre uma fina camada fluída denominada Astenosfera que marca o início do Manto da Terra. É na Crosta Terrestre onde se desenvolve toda forma de vida conhecida no planeta.

Abaixo da Crosta Continental existe o chamado Manto da Terra que se divide em Manto Superior ou Externo e Manto Inferior ou Interno. O Manto Externo se situa de 100 km a 670 km de profundidade. Seu estado físico é o de um fluído muito viscoso que confere ao planeta propriedades físicas peculiares. Abaixo do Manto Superior, situa-se o Manto Inferior denominado também de Mesosfera e abrange de 670 km a 2.900 km de profundidade. Embora seja aparentemente sólido, estranhamente exibe características de fluido. Desse modo se algo pesado for colocado sobre a superfície da Terra por um longo tempo o peso será transmitido ao manto, formando um depressão. É no Manto da Terra onde se formam as correntes de convecção, responsáveis pelo campo magnético do Planeta e por uma sucessão de fenômenos que atingem a sua superfície, desde o vulcanismo, tectonismo, aquecimento e resfriamento da águas oceânicas, que modificam as correntes marítimas, que por sua vez influenciam nas correntes aéreas, mudando o clima continental, etc.

Logo abaixo da camada que forma o Manto Interno, encontra-se o Núcleo Externo com a profundidade de 2.900 a 5.100 km. Sua composição é quase igual à composição do Núcleo Interno, mas contém cerca de 10% de oxigênio. A consistência é de um fluido macio por onde circulam lentas correntes de convecção.
Abaixo do Núcleo Externo, encontra-se o Núcleo Interno com a profundidade de 5.100 km a 6.400 km de profundidade. É formado por compostos metálicos de Ferro, Níquel e Enxofre. Apesar de apresentar uma altíssima temperatura que se apresenta acima de 5.000oC permanece em estado sólido dada a alta pressão.

Como pose-se observar o Planeta Terra que se configura abaixo dos nosso pés é constituído por camadas que funcionam em equilíbrio. Conhecer a Terra superficialmente atualmente se torna uma tarefa não muito difícil, tendo em vista o advento técnico do Sensoriamento Remoto. Mas o conhecimento do interior do Planeta é muito difícil e se baseia na dispersão das ondas sísmicas já que as grandes perfurações com intuito econômico ou científico ainda não ultrapassaram 14 km. Sendo o raio da Terra (metade do diâmetro) de 6.400 km, essas perfurações são insignificantes.

O importante a salientar é que o magnetismo da Terra, bem como o clima, a água e a própria vida do planeta dependem das forças energética que movem esse dinâmico dínamo que é o interior da Terra. E, por incrível que pareça até as camadas da atmosfera desde a Troposfera até a Magnetosfera, dependem em parte dos fenômenos que ocorrem na crosta terrestre, que são consequências dos fenômenos ocorridos nas camadas inferiores do interior da Terra, podendo também afetar estas camadas. Portanto, a Terra é um sistema interdependente, ainda em equilíbrio e só dessa forma pode ser compreendida.  A Terra é um planeta dinâmico.

TECTÔNICA DE PLACAS E A REVOLUÇÃO CIENTÍFICA

Desde a publicação da obra de Charles Darwin em 1859 sobre a origem das espécies através da seleção natural e os trabalhos da Física de Einstein no início do século XX, o pensamento científico nunca recebeu tanto impacto, nem tantas transformações até o início da década de 1960, com a comprovação da Tectônica de Placas. Este princípio teórico, trouxe uma nova revolução, para as ciências biológicas, para a geografia, para a geologia, climatologia e todos os ramos científicos que de uma forma ou de outra estão relacionados com as ciências descritas.

No caso específico da Biogeografia e da Geologia, vários dos conceitos até então imperantes tiveram que ser abandonados. A partir de então, o Planeta Terra passa a ser tratado como um sistema dinâmico, integrante de modelos maiores, cujos componentes apresentam uma complicada teia de interconexões. A Terra não poderia ser mais olhada como um planeta imutável, cujos continentes e bacias oceânicas permaneciam fixas ao longo do tempo, a Terra passou a ser considerada um planeta mutável e extremamente dinâmico. A teoria que causou toda essa evolução, recebe o nome de Tectônica de Placas e não surgiu de uma hora para outra, vários estudos e hipóteses durante décadas foram trabalhadas no sentido da sua sedimentação.

Os Precursores da Ideia.
Edward Suess e a Flora Glossopteris
Durante o final do século XIX, o geólogo austríaco Edward Suess percebeu semelhanças entre fósseis de plantas do Paleozoico Superior da Índia, Austrália, África do Sul e América do Sul. Os fosseis formam uma flora única que ocorre em camadas de carvão, existentes nestes continentes. Esta flora muito diferente da flora contemporânea dos pântanos carboníferos dos continentes do norte, foi denominada Flora Glossopteris, nome extraído do seu gênero mais comum. No seu livro A face da Terra de 1885, Suess propôs o nome Gondwana, para um supercontinente que existiu ao sul do equador. Segundo Suess a semelhança entre esta flora estava associada a ligação existente entre as massas desse supercontinente.

Alfred Wegener e a Deriva Continental
Foi Alfred Wegener, um meteorologista alemão, que formulou a hipótese da deriva continental. Em seu livro A origem dos continentes e dos oceanos de 1915, Wegener propôs que todas as massas continentais num tempo remoto, formavam um único continente que o denominou Pangeia. Wegener procurou retratar sua hipótese através de uma série de mapas, mostrando o rompimento do Pangeia e o movimento dos continentes até suas posições atuais. Wegener reuniu ainda grande quantidade de evidencias geológicas, paleontológicas e climatológicas para sustentar suas ideias, que nunca foram aceitas no mundo científico em geral. Muito ridicularizado à época, Wegener partiu para a Groenlândia, buscando provas para sua hipótese, mas desapareceu sem deixar vestígios em 1930.

Alexander Du Toit
Du Toit, geólogo sul-africano retoma, sem muito sucesso, apesar de gozar de boa reputação no meio científico, as ideias de Wegener em 1937, através da publicação do livro Nossos continentes errantes.

A Comprovação

Após a segunda guerra mundial, tendo em vista o deslocamento dos submarinos alemães, que impuseram grandes perdas aos aliados. O mundo Ocidental, tendo à frente os Estados Unidos, iniciou um grande projeto de mapeamento dos fundos oceânicos utilizando um método de muita precisão conhecido como ecobatimetria. Para surpresa de todos a descoberta das cadeias mesoceânicas no Atlântico, comprovou a hipótese da expansão do fundo oceânico. A essas provas se juntaram a descoberta das fossas oceânicas, onde se verifica o afundamento do substrato oceânico. Como consequência também se constatou que a superfície terrestre é compostas por placas tectônicas, e que cada placa se desloca em sentido diferente.

Pela junção das Teorias da Deriva continental de Wegener e da Expansão do Fundo Oceânico, foi concebida a Teoria da Tectônica de Placas. A Teoria da Tectônica de Placas, mostra que as interações entre as placas móveis determinam a localização dos continentes, bacias oceânicas e sistemas de montanhas que, por sua vez, afetam os padrões de circulação atmosférica e oceânica que finalmente determinam os climas globais. O movimento das placas também tem influenciado profundamente a distribuição geográfica, a evolução e a extinção de plantas e animais. A aceitação desta Teoria, levou a um maior entendimento de como a Terra tem evoluído e continua a evoluir. Essa poderosa Teoria é unificadora e possibilitou aos especialistas enxergarem a história da Terra em termos de acontecimentos inter-relacionados que são partes de um panorama global de mudança dinâmica ao longo do tempo.



TERREMOTOS E MAREMOTOS

Os terremotos são uma indicação clara de que a Terra é um planeta internamente ativo. São fenômenos naturais altamente destrutíveis e assustadores e dependendo do seu epicentro, quase sempre vem acompanhado de maremotos, cujas ondas denominadas tsunamis, quando atingem o litoral, são devastadoras.

Um terremoto pode ser definido como um tremor causado pela liberação repentina de energia. Esta energia é o resultado de deslocamento de rochas que compõem as falhas tectônicas ou que constituem os limites das placas tectônicas. O primeiro impacto do terremoto recebe o nome de primário, sempre com muita intensidade. Entretanto os ajustes ao longo de uma falha provocam uma série de abalos secundários, que embora, em menor intensidade, dependendo da duração, podem ser tão devastadores quanto o primeiro impacto. Muitos terremotos precedem ou até estão associados a atividades vulcânicas, mas nem sempre o vulcanismo é responsável pelos maiores terremotos.

A origem dos terremotos pode ser explicada através de uma teoria denominada teoria do rebote elástico. De acordo com Reid, geólogo autor desta teoria, a energia armazenada nas rochas submetidas à deformação é semelhante a energia armazenada em uma mola de relógio firmemente enrolada. Quanto mais firme tiver a mola enrolada, tanto mais energia é armazenada. Quando a mola se rompe a energia é liberada, causando o primeiro grande impacto, à medida que a mola vai se acomodando até atingir o formato original, acontecem comparativamente os abalos secundários. Outro exemplo didático é aquilo que semelhante acontece quando se verga uma vara longa e reta sobre o joelho. A medida que a vara verga, ela vai se deformando até chegar ao ponto em que a concentração de energia é tanto que ela se rompe. Causando o primeiro impacto. Os movimentos da vara até voltar ao estágio anterior, corresponderiam as ondas que provocam os abalos secundários.

Tamanho e Força de um Terremoto

Atualmente se usam três medidas para avaliar um terremoto. Uma medida é baseada na intensidade. Trata-se de uma avaliação qualitativa dos danos causados por um terremoto. A escala de intensidade mais utilizada é a Escala de Mercalli e varia de 1 a 12 pontos. Esta escala não mede a força do terremoto, mas concentra-se nos estragos provocado pelo evento. Assim um terremoto forte que acontece em área desabitada, é menos importante que um terremoto mais fraco que acontece em área densamente habitada, pois os estragos deste para seres humanos são maiores.

Em contraposição a escala de intensidade, existem as escalas de magnitude, que medem a quantidade total de energia liberada por um terremoto em sua fonte. É uma escala sem limites, com valores começando por 1. A maior magnitude até agora registrada foi de 8.9 e embora valores maiores do que 9 sejam teoricamente possíveis. Eles são improváveis, porque as rochas não são capazes de armazenar energia, para gerar um terremoto de tal magnitude. Sua ocorrência provocaria uma catástrofe indescritível. 

A mais popular e mais usada Escala de Magnitude, é a “Escala Richter” – desenvolvida em 1935 pelo então sismólogo Charles Richter.

Para evitar grandes números, Richter usou uma escala logarítmica de base – 10 convencional para converter a amplitude da maior onda sísmica registrada para um valor numérico de magnitude. Portanto, cada aumento no número inteiro representa 10 vezes o aumento na amplitude da onda. Por exemplo, a amplitude da maior onda sísmica para um terremoto de magnitude 6 é 10 vezes maior que um terremoto de magnitude 5 e 100 vezes maior que um terremoto de magnitude 4 e 1.000 vezes maior que um de magnitude 3 (10x10x10=1.000). Isto refere-se apenas a uma explicação didática para números inteiros, na realidade a diferença é maior pois cada aumento de magnitude corresponde a um grosseiro aumento de 30 vezes na quantidade de energia liberada.

A escala de magnitude Richter foi elaborada para medir as ondas em um sismógrafo e a uma distância específica do terremoto. Uma de suas limitações é que subestima a energia de terremotos grandes, porque mede o pico mais alto em um sismograma, que representa apenas um momento do terremoto.

Para solucionar este problema os sismólogos desenvolveram a escala de Magnitude Momento Sísmico, que leva em consideração toda a extensão do terremoto e áreas adjacentes.



Maremoto

Em dezembro de 2004, um terremoto de magnitude 8.9 aconteceu numa extensão de mais de 150 km ao norte de Sumatra, na Indonésia. Uma das consequências desse terremoto foi a formação de ondas gigantes que atingiram o litoral da Indonésia, Índia, Tailândia, Malásia e outras áreas da região. Essas ondas gigantes recebem os nomes de onda de Maré, ou tsunami, que em Japonês significa maremoto. Ao atingirem o litoral essas ondas causaram a morte de mais 150 mil pessoas e prejuízos incalculáveis. Os tsunamis são ondas marítimas destrutivas geradas pela liberação de grande quantidade de energia. A maior parte desses fenômenos resulta de terremotos submarinos, mas vulcões e deslizamentos marinhos, podem também causá-las.

Uma vez formado, o tsunami pode percorrer um oceano inteiro sem ser percebido por que em mar aberto possui ondas baixas e a distância entre as cristas pode ser de quilômetros. Entretanto, quando chegam em águas rasas, essas ondas aumentam incomumente de tamanho, causando impactos devastadores nas áreas litorâneas.

Um dos sinais de alerta sobre a aproximação de um tsunami é que alguns são precedidos de uma retirada súbita do mar da região costeira. Nesta ocasião, muitas pessoas desavisadas adentram ao litoral à cata de peixes, corais, conchas etc, e são pegas em surpresa, pelas ondas gigantes.

VULCANISMO

A grande maioria dos magmas se resfria e cristaliza, formando dessa forma as rochas plutônicas, mas alguns chegam até a superfície na forma de fluxos de lavas ou materiais piroclásticos, a este fenômeno dá-se o nome de vulcanismo. Os vulcões em erupção são na realidade manifestações dos processos da dinâmica interna do Planeta Terra. Durante o período histórico cerca de 550 erupções vulcânicas foram registradas. Isto significa que ditos vulcões, embora alguns, há muito não se manifestam, podem ser considerados ativos.

Em qualquer momento do tempo atual no mínimo 12 vulcões estão em erupção em algum lugar da Terra. Além dos vulcões considerados ativos existem numerosos vulcões considerados adormecidos. Ou seja, vulcões que não entraram em erupção recentemente, mas que a qualquer momento, este fenômeno pode vir a acontecer.

Alguns exemplos clássicos são Vesúvio, na Itália, que não mostrou sinal de atividade, na memória humana, até o ano de 79 Depois de Cristo, quando entrou em erupção, trazendo consequências desastrosas para os seres humanos, causando a destruição de cidades como Herculano, Pompéia e Estábias. O vulcão do Monte Pinatubo, nas Filipinas, permaneceu adormecido por cerca de 600 anos, mas em 1991 entrou em erupção produzindo a maior explosão vulcânica dos últimos 50 anos.

Alguns vulcões são considerados como inativos, ou quem sabe extintos, pois não entram em erupção há muito tempo. Como é o caso do vulcão de Iporá em Goiás. Quanto a gênese pode-se considerar a existência de dois grupos básicos de vulcões. O primeiro tipo está relacionado à influência das superplumas, fenômeno que ocorre no manto da terra. O segundo grupo resulta do mecanismo de subducção de placa, que consiste no mergulho de uma placa tectônica sobe outra placa, fato que provoca terremotos e vulcões. Dois fenômenos intimamente associados.

Os vulcões pode-se nos apresentar de diferentes formas, de modo geral o vulcão tem a forma de uma montanha cônica formada ao redor de um abertura, por onde são expelidos lavas e materiais piroclásticos, mas há vulcões que se apresentam com várias aberturas laterias.

A maior parte dos vulcões possui uma depressão circular no seu cume, conhecida como cratera. Outros entretanto se nos apresenta na forma de caldeira, que atinge proporções quilométricas. Outros ainda possuem em suas depressões, lagos, também conhecidos como lagos de crateras, que podem guardar entre os seus conteúdos gases devastadores.
Em 1986, em Camarões, na África, 1.746 pessoas e milhares de animais morreram quando uma nuvem de dióxido de carbono as tragou. O gás estava acumulado nas águas do lago Nyos, que ocupa uma cratera vulcânica.

A maior parte dos gases liberados pelos vulcões se dissipa rapidamente na atmosfera. Os gases vulcânicos são composto em sua maior parte por vapores de água. Mas em menor quantidade ocorrem dióxido de carbono, nitrogênio, dióxido de enxofre e gás sulfídrico, monóxido de carbono, hidrogênio e cloro. Dependendo do tipo de magna, que pode ser felsico ou máfico, os gases podem expandir ou escapar de forma mais fácil ou não para a atmosfera. Em 1783, gazes tóxicos lançados por erupções de fissura na Islândia, tiveram efeitos de catástrofes.   75% do gado morreu e a névoa resultante do gás provocou baixas temperaturas e quebra na safra causando a morte de 24% da população.

Morte de árvores em grande extensão são resultantes de gases expelidos por vulcões que alteram o processo de fotossíntese e provoca a redução de oxigênio no solo.
Mudanças climáticas localizadas ou não, são também consequências de atividade vulcânicas.

Os Domos Vulcânicos e o Caso de Martinica.

Os denominados “damos de lava” são configurações que se formam junto aos vulcões, em função da pressão ascendente ser muito forte tendo em vista a grande viscosidade da lava, classificada como félsica. Quando rompidos esses domos são altamente destrutivos e tem ocorrido em várias partes. Um exemplo da capacidade destrutiva desses domos é narrada por WICANDER E MONROE (em sua obra Fundamentos da Geologia).

Em 1902, o magma viscoso se acumulou sob o cume do monte Pelée, na ilha da Martinica. A Pressão interna da montanha cresceu a ponto de não poder mais ser contida e o lado da montanha rompeu em uma tremenda explosão. Quando isso ocorreu, uma nuvem de materiais piroclásticos e gases móveis e densos, chamada nuée ardente (nuvem incandescente, em francês) foi expelida e correu montanha abaixo a uma velocidade de 100 km/hora, engolfando a cidade de St. Pierre.
Uma tremenda ventania atingiu St. Pierre e arrasou prédios, atirou matacões, arrancou árvores, jogou entulho nas ruas e deslocou em 16 m uma estátua de 3 toneladas. A ventania foi seguida de rodopios de uma nuvem de cinzas incandescentes e gases com uma temperatura interna de 700 oC, que incinerou tudo em sua passagem. A nuvem ardente passou por St. Pierre em dois ou três minutos, mas foi seguida por uma tempestade de fogo enquanto os materiais combustíveis queimavam e barris de rum explodiam. Mas, àquela altura, a maioria dos 28 mil residentes da cidade já estava morta. De fato, na área coberta pela nuvem ardente, somente duas pessoas na própria cidade haviam sobrevivido. Um sobrevivente estava do lado de fora da nuvem ardente, mas, mesmo assim, ficou terrivelmente queimado e sua família e seus vizinhos foram todos mortos. O outro sobrevivente um estivador, preso na noite anterior por conduta desordeira, estava em uma cela sem janelas, parcialmente abaixo do nível do solo. Ele permaneceu em sua cela, queimado por quatro dias após a erupção, até que os trabalhadores do resgate ouviram seus gritos pedindo ajuda. 

  
  PETRÓLEO E GÁS NATURAL

Tanto o petróleo como o gás natural trazem na sua composição hidrogênio e carbono, por esta razão são designados hidrocarbonetos. Estes materiais são formados por restos de organismos orgânicos, sendo a maioria microscópicos que se assentam principalmente no assoalho oceânico ou no fundo de lagos rasos, locais onde existe pouco oxigênio para decompô-los. Quando soterrados sob camadas sedimentares e quando aquecidos, em função da profundidade dão origem ao petróleo e ao gás natural.

A rocha onde estes elementos se formam recebe a denominação de rocha-mãe, mas a viabilidade econômica, só se torna possível quando há uma migração desses elementos da rocha-mãe para uma espécie de rocha-reservatório, também conhecidos como armadilha, que os retêm em grande quantidade. Fato muito semelhante à formação de aquíferos. A rocha reservatório, deve possuir diques selantes para reter o petróleo e o gás natural. Caso isto não aconteça, há grande possibilidade desse tipo de material vazar até a superfície, onde desapareceriam.

As rochas reservatórios devem possuir porosidade, permeabilidade, capacidade de transmitir fluidos, para que tanto o petróleo como o gás natural, possam ser extraídos em quantidades economicamente viáveis.

Muitos reservatórios de hidrocarbonetos são formados por arenitos marinhos que se espalham ao longo da costa oceânica e sempre nas proximidades de rochas mãe. Recifes de corais antigos podem também se constituírem em boas armadilhas estratificadas.   Como por exemplo grande parte do petróleo da região do Golfo Pérsico se encontra em antigos recifes.

Os hidrocarbonetos podem também ser encontrados em estruturas próximas aos “domos de sal”. O sal gema é uma rocha sedimentar, quando esta é enterrada com certa profundidade sob sedimentos mais densos, ela pode subir em direção à superfície em colunas denominadas “domos”. A medida que a rocha de sal se ergue, penetra e forma camadas sobrepostas de rocha que podem armazenar petróleo e gás.

O folhelho betuminoso e areias de alcatrão, também podem constituir em fontes econômicas de petróleo, dependo da sua composição, extensão e maneira exigida para seu processamento.

Embora algumas pesquisas demonstrem que petróleos e gases naturais já existiam desde a Carbonífero é no Cretáceo Superior que se formam mais de 2/3 do petróleo e gás natural existentes no mundo.

O Caso do Pré-Sal da Costa do Brasil.

O chamado pré-sal da costa brasileira, refere-se a uma grande reserva de hidrocarbonetos, que se bem explorada, pode colocar o Brasil entre os maiores produtores mundiais. É encontrada sob uma profunda camada de rocha salina. Os estudos até o presente momento demonstram que esta camada onde se encontra a rocha-mãe e as armadilhas que armazenam os hidrocarbonetos se estende desde o Estado do Espirito Santo até o Estado de Santa Catarina, no final da plataforma continental brasileira, fora do que se considera mar territorial brasileiro, porém dentro da zona econômica exclusiva do Brasil.

A rocha geradora que dá origem aos hidrocarbonetos retidos em uma camada bem profunda é constituída basicamente de folhelhos lacustres. A profundidade da camada rica em petróleo pode chegar a 8.000 metros de profundidade abaixo do nível do mar. Sua origem está condicionada a fragmentação Gondwânica, que separou a África da América do Sul e deu origem a formação do Atlântico Sul, bem como as placas tectônicas Sulamericana e Africana. Há cerca de 120 milhões de anos.

As camadas mais recentes de sal que se situam acima das reservas, estão cerca de 2.000 metros abaixo do nível do oceano e se formaram pela evaporação da água marinha, num contexto de clima árido e semiárido, durante a última fase de mar raso que abrangia toda região.

O FUTURO DO PLANETA TERRA

Para que se possa entender às questões ligadas ao futuro do Planeta Terra é pré-requisito compreender toda dinâmica que envolve a origem do próprio Universo.

Segundo os princípios da Filosofia Cósmica, que se fundamenta na Física Quântica, o Universo teria originado a partir de um ponto que se tornou infinitamente quente e sólido ocasionando uma grande explosão que deu origem a vários fragmentos que entraram em processo de expansão. Entretanto, não há consenso entre os Físicos e Astrônomos que quando mencionam este fato estão se referindo ao universo como um todo, ou apenas um fragmento deste, denominado Sistema Solar.

A explicação da origem do nosso sistema solar, que se refere ao material interestelar, situado num dos braços espirais da Via Láctea. Diz, que o material entrou em colapso e foi condensado. O colapso gradual desse material associado à influência da gravidade, foi achatado e começou a rodar em sentido anti-horário.

A rotação e a concentração do material interestelar continuaram e, deram origem ao Sol embrionário. A turbulência dessa nebulosa produziu redemoinhos localizados, onde o gás e as partículas sólidas se aglutinaram. O processo de aglutinação permitiu o acumulo de massas com partículas de diversas naturezas, chamadas planetesimais, que com o passar dos tempos se transformaram em corpos planetários. 

Por volta de 4, 6 bilhões de anos, uma grande quantidade de material reunido em um dos redemoinhos turbulentos, que girava em torno do recém-formado sol, deu origem ao Planeta Terra.

Da mesma forma, tendo ao centro o Sol, nebulosas gasosas se condensaram e deram origem a planetas de vários tamanhos, que juntamente com outros materiais começaram a girar em torno do Sol. Alguns planetas pequenos continuaram a incorporar materiais, que contribuíram para aumentar sua massas. Outros se colidiram e assim por diante. O processo não é tão simples.

No caso da Terra, toda vez que incorporava pequenos planetas e meteoritos, a energia de colisão se convertia em calor, formando um mar de magma. Por isso, uma bola de fogo corresponde a imagem da Terra em seus primórdios. Cada vez que havia impactos, minerais silicatados liberavam para o espaço, átomos de Hidrogênio e Oxigênio, que formavam moléculas H2O. No início essa água se apresentava na forma de vapor, depois houve condensação, mas a água no estado líquido, não conseguia chegar até a superfície da Terra, em função do alto nível de calor existentes na superfície do Planeta, que fazia a água evaporar. Entretanto, com o passar do tempo, houve um resfriamento que permitiu que a água da atmosfera se precipitasse sobre a Terra. Assim o Planeta foi recoberto por um oceano primitivo que o circundava numa espessura média de 4 km, como já mencionado.

A existência da água em estado líquido na superfície da Terra, possibilitou a formação de diversos tipos de rochas, cujos detalhes não cabe especificar neste artigo. Algumas dessas rochas em função da densidade, emergiram, formando as terras emersas, que depois viraram massas continentais com formas e composições variadas ao longo do tempo. Portanto, nos seus primórdios a Terra é comparada a uma bola de fogo, depois se transformou em bola de água. De lá para cá se passaram 4 bilhões e 600 milhões de anos.
É muito difícil fazer previsões. Entretanto tudo que tem início, um dia terá fim, pelo menos nos parâmetros que conhecemos. Não temos certeza porém se antes da grande explosão, que deu origem ao universo conhecido, já existisse algo.

Não sabemos também como os seres humanos evoluirão daqui para a frente, ou se serão extintos, por causas naturais ou por causas criadas pela própria espécie. Casos como estes, que envolvem extinções, são corriqueiros na história evolutiva da Terra.

Sabemos que durante os bilhões de anos da sua história evolutiva, o Planeta mudou muito de configuração, já foi Pangéia, Gondwana, Laurásia. Possuía mares onde hoje existem montanhas de calcário, etc. Mais recentemente, áreas desérticas se transformaram em ambientes florestados e vice-versa etc, sem que o planeta deixasse de existir.

Sabemos também que os elementos radioativos existentes no interior da terra, que representam importantes fontes de calor. Um dia irão desaparecer ou exaurir-se. Desse modo a energia geotérmica, que movimenta o interior do Planeta, irá extinguir-se, fazendo com que o campo magnético também deixe de existir. Por repetidas erupções vulcânicas, a água existente no interior da Terra, será evaporada e decomposta, tornando-se gradualmente mais escassa.

O que se pode afirmar com base nos conhecimentos atuais é que daqui a 900 milhões de anos, a expansão do Sol poderá provocar o incremento do calor recebido pela Terra. Nesta situação, os oceanos irão evaporar totalmente. O Planeta inteiro será intemperizado e convertido numa estrela sem vida. Passados mais 5 bilhões de anos, o Sol transformar-se-á em uma estrela gigante que engolirá a Terra e todo o Sistema Solar.

Portanto, se algum dia o Planeta Terra se extinguir, será por causas naturais, ou obedecendo a própria lógica da Filosofia Cósmica.


O homem, com toda sua onipotência, exaltada pelas religiões monoteístas, jamais terá a capacidade de destruir a Terra enquanto planeta. O que ele pode fazer é alterar ecossistemas e nichos ecológicos, que modificam as paisagens e leva a vida em extinção, alcançando dessa forma a própria sobrevivência do Homo-sapiens-sapiens.