Altair Sales Barbosa
Narra um mito Nambikwara, povo indígena que habita o noroeste de Mato Grosso, e até bem pouco tempo peregrinava também por Rondônia, que entre um de seus povos, denominado Galera, nasceu um menino cujo nome era Hait Teataçu, quando este completou a idade de aproximadamente cinco anos, foi acometido por uma doença que o deixou paralítico das duas pernas. Essa doença, o impedia de acompanhar o grupo na busca de alimentos. Embora muito querido, foi abandonado entre dois paredões de arenito. Nesse local ele se arrastava a procura de água e alguns alimentos.
O tempo foi passando e Hait
Teataçu foi perdendo a força, até que um dia, não conseguiu mais se arrastar.
Foi então, que uma pequena ave
canora de cor azulada, trazia no bico algumas gotas de água e sementes de frutas
que colocava diretamente à sua boca.
Com isto Hait Teataçu, teve
sua dor diminuída, mas o alimento e a água eram insuficientes e um dia veio a
falecer.
Narram os índios que no local
brotou um pé de cabaça, do qual frutificaram pequenas cabacinhas com três
orifícios. Ao serem soprados com as narinas, o som que saia dessas cabacinhas
imitava o canto da ave canora que alimentou o menino.
Comentários:
Esse
mito foi coletado pelo prof. Altair Sales Barbosa na aldeia dos Nambikwara, noroeste de Mato Grosso. Até a década de 1980 esses índios tinham o habito de
cultivar essa espécie de cabacinha. E, nas tardes secas tocavam com as narinas
uma espécie de ocarina feita de duas partes convexa de cabaça, emendadas com
cera de abelha silvestre. O instrumento possuía três orifícios, funcionava com
sopro nasal. Contam os índios, que praticavam aquele ritual invocando a memória
de Hait Teataçu.
Um comentário:
Eis o índio cuidando da nossa biodiversidade...Eloísa Revaldaves
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