sábado, 6 de maio de 2017

HAIT TEATAÇU



Altair Sales Barbosa


Narra um mito Nambikwara, povo indígena que habita o noroeste de Mato Grosso, e até bem pouco tempo peregrinava também por Rondônia, que entre um de seus povos, denominado Galera, nasceu um menino cujo nome era Hait Teataçu, quando este completou a idade de aproximadamente cinco anos, foi acometido por uma doença que o deixou paralítico das duas pernas. Essa doença, o impedia de acompanhar o grupo na busca de alimentos. Embora muito querido, foi abandonado entre dois paredões de arenito. Nesse local ele se arrastava a procura de água e alguns alimentos.

O tempo foi passando e Hait Teataçu foi perdendo a força, até que um dia, não conseguiu mais se arrastar.

Foi então, que uma pequena ave canora de cor azulada, trazia no bico algumas gotas de água e sementes de frutas que colocava diretamente à sua boca.

Com isto Hait Teataçu, teve sua dor diminuída, mas o alimento e a água eram insuficientes e um dia veio a falecer.

Narram os índios que no local brotou um pé de cabaça, do qual frutificaram pequenas cabacinhas com três orifícios. Ao serem soprados com as narinas, o som que saia dessas cabacinhas imitava o canto da ave canora que alimentou o menino.


Comentários:

Esse mito foi coletado pelo prof. Altair Sales Barbosa na aldeia dos Nambikwara, noroeste de Mato Grosso. Até a década de 1980 esses índios tinham o habito de cultivar essa espécie de cabacinha. E, nas tardes secas tocavam com as narinas uma espécie de ocarina feita de duas partes convexa de cabaça, emendadas com cera de abelha silvestre. O instrumento possuía três orifícios, funcionava com sopro nasal. Contam os índios, que praticavam aquele ritual invocando a memória de Hait Teataçu.








Um comentário:

Anônimo disse...

Eis o índio cuidando da nossa biodiversidade...Eloísa Revaldaves