quinta-feira, 1 de outubro de 2020

NO ROMPER DA MADRUGADA AINDA BUSCO ARAPARI

  

                                                                   Arapari – é um termo da mitologia indígena do Rio Solimões, que significa Cruzeiro do Sul. Aquele que aponta o rumo.

 

ALTAIR SALES BARBOSA

Com a solidificação do monoteísmo, houve uma crescente desnaturização do homem. E, marolando nesta onda as religiões do mundo começaram a cultivar a idéia da onipotência humana, filho onipresente do Criador. Essa espécie, se sentindo como tal, saiu deixando rastros de modificações pelos lugares por onde passa, nesse pequeno planeta, sem muito se importar com o mundo que o rodeia. Se continuar agindo dessa forma, certamente um dia, cairá nas próprias armadilhas da evolução e provavelmente será extinto. O Planeta continuará sua jornada por mais alguns bilhões de anos, até ser engolido pelo sol, quando este se transformar numa estrela gigante.

Desde quando se tornou Homo-sapiens-sapiens por volta de 60.000 anos antes do presente, ainda na velha África, após sucessivos êxitos evolutivos, ou melhor dizendo competitivos, que levaram um primata superior, que vivia em Oldwai ou na África do Sul, há mais  de 2.000.000 de anos, a se transformar de Australopithecus em Homo-habilis, que depois se transformou em Homo-erectus, em  seguida aparece o Homo-sapiens-arcaico e logo depois o Homo-sapiens-sapiens, este ser, aparentemente frágil, saiu pela terra modificando os ecossistemas por onde passava. No início começou a matar seus próprios irmãos, para conquistar territórios, onde as fontes de proteínas, vitaminas, açúcares e sais minerais eram mais fartas. Ainda como Homo-erectus aprendeu a dominar o fogo. Este fato brinda-o com a oportunidade de expulsar das cavernas os animais carniceiros, para ocupar como abrigo este precioso local. Também é nesta fase que conquista o Oriente Próximo e grande parte da Eurásia.

A economia dos primeiros H. sapiens-sapiens era aparentemente simples, pois baseava-se na caça, coleta de frutos, cata de ovos e moluscos marinhos nos litorais, da mesma forma que moluscos terrestres eram coletados nas áreas interioranas. Por isso, os H. sapiens-sapiens, eram chamados genericamente de caçadores-coletores, embora muitos fossem, em determinadas épocas do ciclo anual, essencialmente pescadores. Na sua dieta também entravam várias espécies de insetos comestíveis. Entretanto, esta economia não era tão simples, como o nome sugere, exigia não só um grande conhecimento do ambiente, mas uma complexa estrutura social, não só no sentido hierárquico, mas sobretudo nas divisões etárias e sexuais do trabalho, da mesma forma, normas rígidas estabeleciam os laços matrimoniais. Alguns modelos desse sistema de vida ainda persistem até os dias atuais, mesmo que de forma tênue, em alguns bolsões desse planeta, notadamente na África, na América do Sul e em algumas Ilhas isoladas do Pacífico.

É errado pensar que os caçadores-coletores eram seres pacíficos e que viviam em equilíbrio com o meio ambiente mais que a humanidade moderna e seus descendentes. Esta é uma visão enganosa. Assim como nós, usaram seus conhecimentos para explorar o ambiente num grau extremo que suas habilidades permitiam. E assim, onde quer que chegassem ou por onde passassem, um rastro de extermínio ficava. Característica que foi aumentando de forma análoga às inovações tecnológicas.

Ainda como caçadores-coletores, um pouco antes de 30 mil anos atrás, esses humanos oriundos da África e já adaptados aos ambientes euro-asiáticos levaram à extinção do Homo-sapiens-neanderthalensis, única espécie de humanidade diferente da nossa espécie e que foi contemporânea do Homo-sapiens-moderno, ditos H. sapiens-sapiens.

Os Homens de Neanderthal viviam em cavernas e fabricavam instrumentos de pedra lascada e ossos, que competiam com os fabricados pelos Homo-sapiens-sapiens. Mas uma característica importante a destacar sobre os Neanderthais é que foram os primeiros humanos a sepultarem seus mortos e colocarem flores sobre as suas sepulturas, provavelmente acreditando numa vida pós morte.

O fato é que, onde quer que chegasse, o Homo-sapiens-sapiens levou à extinção todos os outros tipos de humanos que encontraram pela frente. Numa de suas peregrinações da África para a Eurásia, esses humanos de origem africana, mas que já estavam amplamente adaptados a este novo ambiente da Eurásia, promoveram a extinção do Homo-erectus da Ásia, como também do Homo-sapiens-soloensis, do H. sapiens de Denisova, e dos próprios Neanderthais dos Bálcãs.

E assim, sozinhos enquanto espécie, essa aparentemente frágil criatura iniciou seu reinado sobre a Terra. A partir da Eurásia começou a ocupar pequenas Ilhas nos oceanos Índico e Pacífico. Isso foi possível, porque o mundo estava vivendo um dos estágios da glaciação de Wurm/Wisconsin. O nível do Oceano estava mais baixo em relação ao atual em cerca de 100 metros, criando corredores que ligavam estas Ilhas ao continente.

O exemplo da Austrália pode muito bem ser usado para ilustrar as atitudes predatórias do Homo-sapiens-sapiens: como a Austrália, a partir da fragmentação da Gondwana, a exemplo de outras ilhas do Pacífico e do Indico, tornou-se uma área isolada de outras áreas ambientais maiores. Neste sentido, os elementos da flora e da fauna tiveram um processo evolutivo na direção de uma fauna e flora diferenciadas. Isto é explicado da seguinte forma: no ambiente estável, as espécies vegetais e animais tornam-se especializadas, cada espécie ou conjunto de espécie ocupa seu lugar na cena ecológica e assim continua até que todos os nichos sejam ocupados.

A fauna ganha então um estado de equilíbrio. Com a flora, o mesmo processo acontece. A alteração do equilíbrio cria flutuações de desequilíbrios, que se avolumam com o tempo causando modificações drásticas no habitat original. Em poucos séculos, após a chegada do Homo-sapiens-sapiens, a região que hoje corresponde à Austrália teve mais de 90% da megafauna extinta. Entre esses animais estavam: Cangurus gigantes, que atingiam 200kg, espécies de coalas também maiores que as atuais, o leão marsupial do tamanho de um tigre, grandes espécies de aves maiores que as avestruzes, grandes répteis e talvez o mais notável de todos os animais nativos da região, o diprotodonte, um grande marsupial, semelhante aos heremotherium ou preguiças-gigantes da América do Sul. Um grande número de espécies menores também desapareceu para sempre. Certos estudos apontam que das 24 espécies de animais australianos que viveram no Pleistoceno Superior, 23 foram extintas.

Como foi possível tamanha destruição, com tecnologias de caça bem simples? Muitos especialistas colocam o fator clima como primordial nesse processo de extinção, mas os defensores das ações climáticas perdem suas argumentações, porque jamais entenderão a dinâmica do clima terrestre e sua relação com os processos adaptativos, porque não levam em consideração uma visão da dinamicidade do Planeta; isto provoca uma lacuna de raciocínio, que é a falta de conhecimento sobre a história evolutiva. Os animais extintos da Austrália já estavam adaptados há diversos ciclos climáticos que atingiram a região desde os primórdios do Pleistoceno. O fato é que os animais de grande porte e outros da fauna australiana nunca tinham presenciado a figura do animal humano, portanto não criaram, para isto, sistemas de desconfiança, medo, ou sistemas de auto defesa, diante desses aparentemente frágeis primatas. Os animais australianos possuíam, como quase todos os animais de grande porte, um sistema de gestação de longo prazo. Ou seja, se fossem mortos, era necessário um longo tempo para aparecer outra geração, pois o prazo entre uma gestação e outra era longo. Outra explicação é que o H. sapiens-sapiens quando chegou à Austrália já estava usando o fogo. Dessa forma cercavam as manadas, ateavam fogo em volta e as empurravam até um precipício onde morriam ou ficavam aleijadas. Muito mais que o necessário.


Isto também aconteceu noutras áreas, inclusive na América, que falaremos mais adiante. O uso do fogo mudou também radicalmente a fisionomia vegetal da Austrália e o eucalipto, resistente a este, se espalhou por áreas antes ocupadas por outro tipo de vegetação. Vários exemplos nesse sentido podem ser colocados. Quando os ancestrais dos Maoris chegaram à região onde hoje é a Nova Zelândia, a maior parte da megafauna foi extinta e mais de 60% da avifauna desapareceu por completo.

Quando os eurasianos conseguiram desenvolver indumentárias que os protegessem do frio, em época mais recente, o Homo-sapiens-sapiens atingiu as regiões siberianas.

Sua chegada à Sibéria, foi também devastadora, dizimaram mamutes, espécies endêmicas de rinocerontes da Sibéria, algumas espécies de renas, mastodontes etc. Quando os interglaciais permitiram a formação de corredores de migração, esses homens perseguindo animais gregários, sem se dar conta, entraram no continente americano. Muitos voltaram, mas também muitos ficaram na América do Norte e, em menos de 2.000 anos, atingiram a América do Sul até a Terra do Fogo. Mataram milhares de bisontes, toxodontes, camelídeos, cavalos, grandes aves, preguiças-gigantes, como megatherium e o eremotherium, gliptodontes e outros tatus gigantes, haplomastodontes, e muitas outras espécies. Tudo que estivesse no seu caminho sofreu na própria carne o sabor da extinção, até o inacreditável tigre-dentes-de-sabre, cujo nome em latim é Smilodon populator, que significa devastador, embora fossem estes os próprios devastados.

Não poderia terminar esse breve relato dos caçadores e coletores, sem responder a uma questão óbvia. Por que os elementos da mega-fauna africana sobreviveram? A resposta se deve ao fato de que os humanos, desde seus primeiros ancestrais até o H. sapiens-sapiens, viveram mais densamente na África, isso fez com que os animais africanos criassem mecanismos contra sua predação. Somente em épocas bem modernas, com a criação de outras tecnologias bélicas, é que o Homo-sapiens-sapiens levou à extinção alguns dos animais africanos, dentre estes a quagga, espécie de zebra garbosa, caçada impiedosamente pela beleza da sua pele.

Quando o homem dominou a tecnologia da navegação, processo similar aconteceu em várias partes do mundo, como é o caso do dodô, que será fruto de um comentário posterior.

Antes porém, gostaria de mencionar as sucessivas revoluções tecnológicas e científicas que juntas foram fortalecendo ainda mais o Homo-sapiens-sapiens e o transformando numa grande ameaça predatória inclusive para a sua própria espécie.

Da mesma forma que se trata de uma visão errada considerarmos os caçadores-coletores seres que viviam em completa harmonia com os outros componentes do meio ambiente, é também completamente enganosa a ideia de que a Revolução Agrícola surgiu de um estalo genioso na cabeça de alguns habitantes do vale do Tigre e do Eufrates, ou às margens do Nilo. O início da domesticação das plantas e animais começou por volta de 10.000 anos Antes do Presente e, embora não saibamos os detalhes, foi um fenômeno universal. Este processo inaugura a primeira grande revolução tecnológica na história da humanidade. Conhecida por muitos como Revolução Muscular.

Próximo ao Oriente Médio, foram domesticadas espécies de trigo, ervilhas, lentilhas, oliveiras, videiras, dentre outras. Os citros são domesticados na Península Ibérica, assim como os figos, maçãs e outras frutas são domesticadas mais no interior da Europa. O arroz é domesticado no extremo oriente. A cana-de-açúcar e a banana foram domesticadas na região onde hoje se situa a Nova Guiné, a manga, na Índia.

A domesticação animal foi um fenômeno paralelo à domesticação vegetal. Para alguns animais, os humanos atiravam as sobras de seus cotidianos, isso os amansavam e provavelmente se sentiam confortáveis, pois, além do alimento, tinham a proteção dos humanos contra os possíveis predadores. Na Índia, as grandes estepes, com gramíneas e herbáceas, permitiam ao homem conduzir rebanhos de Bos-indicus, o boi indiano, para as regiões onde os capins eram mais suculentos. Em troca, as vacas davam leite, bezerros e todo o rebanho produzia grande quantidade de esterco, que, uma vez seco, se transformava em elemento fundamental para os afazeres domésticos e calefação, dado que era quase impossível, somente com a coleta das gramíneas nativas, realizarem essas atividades; já na forma de esterco isso era possível.

Em outras partes do mundo, o mesmo fenômeno da domesticação aconteceu à mesma época. É o caso do arroz africano e do sorgo e outras frutas, como melancia, por exemplo. Entretanto, um dos casos mais emblemáticos, embora poucos animais foram aí domesticados, é o caso das Américas. Neste continente, tanto ao norte como no centro e no sul, houve uma proliferação muito grande de cultígenos como o feijão, de origem norte-americana e sul-americana, do algodão, também norte e sul-americana, o milho de origem mexicana, mas que logo se espalhou por toda América; o tomate, a pimenta, o pimentão, na América Tropical. Também, é nesta região onde foi domesticada a mandioca, que pode ser consumida crua, cozida, assada e ainda pode ser processada em vários tipos de alimentos, como a crueira, o polvilho, o beiju e o mais antigo alimento desidratado que se conhece: a farinha, de grande utilidade. Neste rol de domesticações importantes da América, podem ser incluídas a abóbora ao norte, a batatinha originária do sul do Chile e que se espalhou pela América do Sul, a batata-doce, o cará, a taioba, além da quinoa e outras leguminosas sul-americanas. Mas diferentemente do Velho Mundo, onde houve grande domesticação de animais como bovinos, suínos, ovinos, caprinos, galináceos, na América no máximo três espécies foram domesticadas: a lhama, a chinchila e o peru.

Das milhares de espécies que nossos ancestrais caçadores e coletores lidavam, apenas algumas se mostraram aptas para a agricultura e o pastoreio. No caso do pastoreio, a domesticação é feita para que o animal forneça uma série de produtos, leite, ovos, crias, pelos, couros e, por fim, a carne. Em síntese o animal vai sendo consumido aos poucos. Em muitos rincões do Planeta, os animais não tinham essas características, criá-los para consumir sua carne era necessária muita energia, era mais fácil uma incursão de caça para conseguir tal objetivo, como é o caso da fauna nativa que conseguiu sobreviver no Brasil, nenhuma das espécies fornecem leite em quantidade ou outros produtos, somente carne, ossos e algum tipo de couro.

Por volta de 5.000 anos Antes do Presente, o processo de domesticação de plantas e animais chega ao fim. E mesmo hoje em dia, com toda a tecnologia que a humanidade possui, 90% dos alimentos que se consome vêm das plantas e animais domesticados pelos primeiros agricultores, o restante, refere-se às melhorias causadas pela manipulação genética. Antes de 10.000 anos, toda a humanidade era caçadora-coletora. Em breve, provavelmente nenhuma o será, as populações humanas que assim vivem serão extintas, civilizadas ou corrompidas, dependendo do ponto de vista.

A humanidade (claro que estou falando sempre no geral) dá então um grande salto em relação aos demais seres viventes da Terra. Aprende a moer grãos, inventa instrumentos agrícolas como a foice, a enxada, inventa a cerâmica, o tecido, escava as primeiras minas. E, de um modo geral, de nômades passam a sedentários. Esta é a grande Revolução Neolítica, ela faz a humanidade dar um salto maior do que nos 2 milhões de anos de história.

A partir de então, formaram-se os primeiros núcleos humanos, na verdadeira concepção sociológica, que nos milênios seguintes vão se transformar nas primeiras cidades e depois nos impérios do período designado pela história de antiguidade. No contexto dos impérios da antiguidade, são formadas as grandes correntes religiosas, tanto as ocidentais como as orientais, cujos princípios chegam até os dias atuais. Nesse período, os homens sentem na própria pele os efeitos cíclicos do clima e no ano em que suas plantações não são suficientes eles partem em hordas bélicas para atacarem outros povos que por ventura tiveram abundância. E, nessas circunstâncias, instalam-se as guerras. Ao vencedor cabem as migalhas. Muitos afirmam que é nesta época que florescem as artes, talvez estejam agindo dessa forma porque lhes faltem uma visão global de toda a humanidade, porque a arte rupestre por exemplo, já era companheira inseparável dos caçadores-coletores.

Da mesma forma, dizem da florescência da filosofia sistematizada pelos gregos, como se os caçadores-coletores já não tivessem um sistema filosófico repleto de pensamentos abstratos e concretos.

Entretanto, uma nova coisa extraordinária acontece nesse contexto: a invenção do alfabeto fonético, este, sim, trouxe para humanidade uma nova forma de ser, tanto individual quanto coletiva e traz no seu bojo o gérmen do pensamento científico.

Segundo Muraro (1969), a invenção do alfabeto veio romper em estilhaços toda estrutura da sociedade primitiva, abriu as sociedades até então fechadas sobre si, imersas no mundo oral e mágico para o pensamento abstrato, dependente de uma atividade essencialmente visual. Este é um raciocínio verdadeiro. No entanto, esse fato embora trouxesse um potencial de possibilidades que pudesse conduzir o homem para uma visão de globalidade, seu maior legado foi a noção de que o homem se sentia ainda mais um ser superior e a cada tempo que se passava foi afastando da natureza, ou melhor dizendo, dos outros elementos que compõem o meio ambiente.

O homem começa a se sentir onipotente. As consequências da palavra escrita são discutidas em profundidade por Mac Luhan (1) e por Muraro (2). A leitura desses autores reforça a ideia de que, além de não perder seu espírito predatório e egoísta, o homem adquire mais uma característica, o individualismo.

Outros inventos da antiguidade, como a roda, o papiro, a estrada, a catapulta, os metais e o uso do petróleo em estado bruto, foram criados a partir das necessidades geradas pela competição entre vilas, cidades, castelos e impérios.

Uma pequena ressalva deve ser observada neste ponto. Todos os impérios do mundo, lograram seus êxitos com base numa sociedade escravagista. Isto aconteceu na África, no Oriente Próximo, no Extremo Oriente, na Europa, na Meso-América e na América do Sul. O Império Incaico, por exemplo, estendia seus domínios dos Andes até o rio Paraná.

Esta situação durou até o século 15, quando algo novo aconteceu: a invenção da Imprensa por Gutenberg, baseando-se no sistema de prensa já utilizado na China, há pelo menos 300 anos. Gutenberg criou um sistema de tipos móveis que permitia a composição de páginas inteiras. E, aperfeiçoando o sistema da prensa chinesa e utilizando o papel também vindo da China e largamente já utilizado na Europa, com uma vantagem singular sobre o papiro e o pergaminho, criou um sistema de impressão e por isso é considerado o pai da Imprensa. A criação da imprensa foi um marco revolucionário. O primeiro grande fruto da Imprensa foi o livro, que é considerado o primeiro objeto fabricado em série. A imprensa através do livro trouxe para humanidade uma maior democratização da cultura, mas trouxe também uma nova técnica, a mecanização, cuja principal característica é a capacidade de produção em série. Trata-se de uma extensão das funções humanas de consequências profundas. A mecanização permitiu o advento de vários modelos de máquinas, que foram ao longo do tempo se aperfeiçoando e se transformando em grandes forças produtivas, permitindo um grande acúmulo de capitais para aqueles que detinham a propriedade dessas. E, pela primeira vez na história, a humanidade viu aumentar a margem entre o lucro e a vida.

Todavia, enquanto a humanidade colhia os frutos da mecanização com todas as suas consequências: especialização, urbanização etc., algo novo aconteceu: a invenção da tecnologia elétrica. O símbolo da nova era da humanidade, ou seja a idade elétrica, pode ser considerado a invenção da lâmpada incandescente. Este fato marca o início do século 20; isto significa que foi um evento recente, ou seja, muitos que estão lendo essa crônica nasceram no século 20. A lâmpada elétrica terminou com ciclo natural da escuridão e permitiu além de outras atividades o estudo e o trabalho noturno. As antigas máquinas foram aperfeiçoadas. A nova jornada de trabalho, associada às novas e mais ágeis máquinas, aumentou ainda mais a concentração de capitais nas mãos dos que detinham os meios de produção.

Mas a idade elétrica permitiu também vários avanços nas ciências e na tecnologia cujo aparecimento só foi possível graças à eletricidade. Surgiram o telégrafo, o telefone, o rádio, a televisão, os automóveis, o avião, o cinema e várias novas indústrias, incluindo as farmacêuticas, os fertilizantes e o início da mecanização da agricultura. Surgiram venenos para combater as várias pragas que causavam epidemias da humanidade como a peste bubônica, a doença de chagas, a malária, a doença do sono, transmitida pela mosca tse-tse, a cólera, a dengue e assim por diante. Também surgiram as vacinas e o antibiótico. Entretanto, foi na idade elétrica que aconteceram as duas grandes guerras mundiais, em ambas a ciência associada à técnica cresceu de forma vertiginosa, até permitir que a humanidade manipulasse a fissura nuclear, cujo fruto, a bomba atômica, usada contra os japoneses, coloca fim à segunda guerra, já quase na metade do século 20. No entanto, o final da segunda guerra mundial fez com que a humanidade começasse a desenvolver projetos científicos e tecnológicos de forma alucinante: foi assim com os foguetes para bombardeio.

 Em 1948, o mundo científico de modo geral vai se acostumando a usar de forma mais frequente a palavra cibernética, termo que vem do grego (kybernetes), que significa aquele que governa. Com a cibernética, nasce a era da automação, a quarta grande revolução na história da humanidade, chamada de Revolução Eletrônica; seu precursor foi o físico austríaco Norbert Wiener.

Todos os grandes inventos que surgiram depois foram frutos dos cálculos efetuados pelos computadores eletrônicos, que a cada momento se sofisticavam ainda mais, até chegarmos ao quadro atual. Com o auxílio do computador, foi possível a construção de máquinas nunca antes imaginadas, grandiosas e potentes. Com elas o homem conquistou o espaço, ocupou todos os rincões para novos empreendimentos agrícolas e pastoris, mudou os cursos dos rios, secou mares, aplainou montanhas e manipulou a genética humana vegetal e animal.

De modo geral, incrementou a comunicação via satélite, em níveis jamais imaginados, mudou de forma avassaladora os ecossistemas da Terra, continuando a obra iniciada pelos caçadores coletores. A grande diferença entre a tecnologia elétrica e a tecnologia eletrônica reside no fato de que os computadores foram projetados para funcionar iguais aos neurônios do cérebro humano. Na realidade, a computação trouxe para a humanidade grandes revoluções, e criou um mundo de relações instantâneas. Mas é importante destacar que a aldeia global pensada nos parâmetros de Mac Luhan não se concretizou, primeiro porque os grandes meios de comunicação ficaram nas mãos de corporações ou órgãos estatais, onde 80% ou mais do conteúdo veiculado refletem seus interesses e ideologias. Essas corporações, explorando ao máximo a fragilidade das massas, advindas da nova situação econômica, montou programas sensacionalistas, contribuindo dessa forma para uma crescente alienação da população. O lema é simples: quanto mais alienada for a população, mais fácil fica para semear as searas.

A popularização e a crescente vulgarização das comunicações virtuais se transformaram numa bússola sem ponteiros, onde os usuários se vêm mais perdidos que orientados. Em outras palavras, é mais indicado pensar a globalização na concepção de Milton Santos, onde ressalta que a conquista do território e a imposição de uma ideologia dominante é o que caracteriza este novo fenômeno. Assim é que ao chegarmos ao século 21 temos a certeza absoluta de que a humanidade, além de não abandonar seu espírito predatório, ainda anexou à sua disposição mecanismos capazes de conduzir à sua própria extinção. Não sabemos como os seres humanos evoluirão daqui para o futuro, ou se serão extintos, por causas naturais ou por fatores criados pela própria espécie. Casos que envolvem extinções são corriqueiros na história evolutiva da Terra.

 

DE VOLTA A UM PASSADO RECENTE

Neste subtítulo De volta a um passado recente, que bem poderia ser uma reflexão sobre o presente, o objetivo é exaltar a educação multidisciplinar. Talvez esse novo e desafiador modelo traga para a humanidade um fiapo de esperança. Em seu livro “Estórias para quem gosta de ensinar”, o educador Rubem Alves nos brinda com uma fábula do mundo das aves, muito rica em todo seu conteúdo. Assim diz o autor: “Tudo aconteceu numa terra distante, no tempo em que os bichos falavam... Os urubus, aves por natureza becadas, mas sem grandes dotes para o canto, decidiram que, mesmo contra a natureza, eles haveriam de tornar grandes cantores. E para isso fundaram escolas e importaram professores, gargarejaram dó-ré-mi-fá, mandaram imprimir diplomas, e fizeram competições entre si, para ver quais deles seriam os mais importantes e teriam a permissão para mandar nos outros. Foi assim que eles organizaram concursos e se deram nomes pomposos, e o sonho de cada urubuzinho, instrutor, em início de carreira, era se tornar um respeitável urubu-titular, a quem chamam por Vossa Excelência.

Tudo ia bem até que a doce tranquilidade da hierarquia dos urubus foi estremecida e a floresta foi invadida por bandos de pintassilgos tagarelas, que brincavam com os canários e faziam serenatas com os sabiás... Os velhos urubus entortaram o bico e convocaram pintassilgos, sabiás e canários para um inquérito – onde estão os documentos de seus concursos? E as pobres aves se olharam perplexas, porque nunca haviam imaginado que tais coisas houvesse. Não haviam passado por escolas de canto porque o canto nascera com elas. E nunca apresentaram um diploma para provar que sabiam cantar, mas cantavam, simplesmente...

- Não, assim não pode ser. Cantar sem titulação devida é um desrespeito à ordem.

E os urubus, em uníssono, expulsaram da floresta os passarinhos que cantavam sem alvarás...

O que se quer dizer é que em terra de urubu diplomado não se ouve canto de sabiá.

A fábula acima reflete o que também pensavam Paulo Freire, Anísio Teixeira e Darcy Ribeiro, posicionados entre os maiores filósofos da educação do século XX. Eles foram unânimes em afirmar: que o maior analfabeto não é aquele que não sabe ler, mas aquele que lê mas não entende o que leu. Em outras palavras é aquele que não entende e não enxerga os sinais que a realidade atual insiste em colocá-los bem à nossa frente e que bailam diante de nós, como borboletas diante das plantas floridas.

A espiral da ignorância analfabética chegou ao ápice nos tempos atuais, onde produção de conhecimentos, produção cultural, saberes e culturas tradicionais de nada valem diante da burocracia, tal qual uma cerca mal feita de arame farpado que tomou conta das escolas públicas, contribuindo para a falência da educação, cujo desempenho dos mais letrados urubus é incapaz de gorjear uma nota afinada e a escola incapaz de propor uma Pedagogia da Esperança, ou para a Esperança.

...O caminho para o êxito, pode se assemelhar a uma encruzilhada, mas a sabedoria, conhecimento e discernimento podem apontar o rumo correto.

O primeiro, discernimento, é a clareza referente ao conceito de tempo, claro que neste espaço é impossível discuti-lo em profundidade desde Einstein, Hawking, Prigogine e as ideias modernas sobre a Teoria do Caos, ou mesmo sobre os Fractais e Efeito Borboleta. Mas seria de grande utilidade que se levasse em consideração alguns tipos de tempo: o tempo cosmológico, medido em vários bilhões de anos, o tempo geológico calculado em alguns bilhões, milhões e milhares de anos; o tempo da humanidade calculado em alguns milhares de anos, o tempo do homem, calculado em algumas décadas, e o tempo da sobrevivência, que é aquele tipo de tempo que se situa no fio da navalha e, por isto, está bem no limite entre a vida e a morte, entre as perspectivas e as desilusões, entre a alienação total e a busca da felicidade. Para este tempo, os remédios devem ser emergenciais, porque o tempo da sobrevivência não tem tempo de esperar.

Atualmente, torna-se impossível compreender fenômenos científicos, sociais e comportamentais, tomando como princípio os paradigmas tradicionais que fundamentaram o pensamento científico dos séculos XVIII, XIX, XX e até os do século XXI. Isto porque estamos presenciando a maior revolução da história da humanidade, onde o espaço entre um evento revolucionário e outro diminui com o tempo. O que se presencia, atualmente, não é somente uma revolução política, social ou econômica, mas uma revolução global – a revolução do próprio Homem.

... Quando parte da humanidade percebeu que seus modelos de se relacionar com os outros elementos que compõem o Meio Ambiente poderiam abreviar sua passagem como espécie pelo planeta Terra, ficou em posição de alerta.

Organizou uma conferência mundial para discutir o assunto. Isto aconteceu em Estocolmo 1972. Vinte anos depois, foi realizada uma outra conferência sobre o mesmo tema, denominada Rio 92. Entre uma conferência e outra, houve eventos menores visando protocolar ações concretas.

Estas conferências, reuniões, discussões e protocolos, trouxeram vários conhecimentos. Entre estes, figura o que possibilitou à humanidade perceber que não passa de uma espécie a mais no Reino Animal, cujo êxito de sobrevivência na Terra depende da interação harmoniosa dos diversos componentes do Meio Ambiente: atmosfera, hidrosfera, litosfera, biosfera, ventos, regimes climáticos, relevos, ruídos, fogos, energias etc. Entretanto, se por um lado veio o conhecimento, por outro faltou a conscientização. Esta exige mudanças radicais de atitudes e postura. Isto não aconteceu.

O que se pretende enfatizar é a ideia de que somente o conhecimento do problema, não é suficiente para sua solução. Para que isto aconteça torna-se necessária a tomada de atitudes concretas. Os caminhos para a busca da solução são vários e podem ser mais eficientes se forem interconectados. Estes caminhos, por um lado, exigem um novo padrão de educação, o que pressupõe incentivo à criatividade, à pesquisa e à busca de uma nova metodologia pedagógica. Por outro lado, exigem políticas públicas fundamentadas no conhecimento e que levem em consideração as vocações regionais. Faz-se necessário que se combata a miséria e faça o resgate da dignidade humana. É possível que algumas soluções possam exigir também mudanças, às vezes radicais, na orientação política e econômica.

Se mensurarmos global ou regionalmente as situações ambientais, que não podem ser separadas das questões sociais e econômicas, desde o momento em que se realizou a primeira conferência em Estocolmo, até os dias atuais, constataremos que a qualidade de vida piorou, em função da predação ambiental e da predação social e econômica. Neste período, a retirada da vegetação nativa aumentou de maneira assustadora, os cursos dos rios foram alterados, montanhas aplainadas pela atividade mineradora, os aquíferos diminuíram seus reservatórios de água, a violência urbana, tal como fogo em palheiro, tomou proporções antes inconcebíveis, o tráfico de pessoas tornou-se atividade rotineira, as diversas formas de neuroses aumentaram e assim por diante.

No meu modesto modo de ver o mundo, atribuo grande parte desses fatores à falta de criatividade e de idealismo. A criatividade é a matriz da competência. Sem criatividade não há idealismo. E a falta de idealismo reflete a falência da sociedade, e obriga os que buscam a consciência, e consequentemente a liberdade e a felicidade, a entrarem por caminhos ideológicos e tortuosos, às vezes nunca imaginados.

Na base de todas estas questões se encontra a educação. Neste sentido, as escolas, tanto as fundamentais, como as básicas e as superiores, que por algum tempo eram tidas como continuadoras da família, há muito deixaram de exercer esta função, mergulharam num pântano de lodo mal cheiroso e movediço que suga a criatividade.

Os professores não conseguem a motivação necessária para transmitir o conteúdo. Isto acontece, porque o conteúdo não traz novidade e não é mais motivador. Grande parte dos alunos já conhece, por outros meios, aquilo que lhes é transmitido. A aula dentro da sala perde o interesse e o sentido. A escola, que outrora se constituía num ponto de encontro para se fazer amizades, trocar ideias e aprender novidades, não é mais nada disso. Hoje, as redes sociais desempenham este papel, às vezes de forma imoral, mentirosa e alienadora.

Grande parte das escolas básicas e fundamentais carece de pátios ideais para brincadeiras, não tem bibliotecas, muito menos equipamentos para dinamizar uma aula. E nem sequer de longe pode-se mencionar que não possuem laboratórios. Isto é muito luxo, para quem acha que o ensino não necessita de experiências.

Os professores se sentem desmotivados não só pela remuneração. Aliás, para quem nunca ministrou uma aula, pode-se afirmar que não há, na terra, tarefa mais exigente, responsável e cansativa. Porém também sentem-se desmotivados, porque não são mais respeitados pelos alunos. As associações sindicais de pais de alunos, apoiadas pelos meios de comunicação sensacionalistas, são capazes de levar um professor à “Justiça” se este, no intuito de impor a disciplina, alterar um pouco a sua voz na sala de aula.

Aliás, por falar em disciplina, as escolas hoje em dia são vigiadas por policiais, porque viraram pontos de compra, venda e consumo de alucinógenos. A falta de perspectivas faz o aluno buscar esses caminhos.

Sabemos que não se trata de uma tarefa fácil. A influência do efêmero funciona como uma venda nos olhos que impede vislumbrar as atitudes duradouras e possivelmente eternas, que possam ser tomadas a favor da educação, cuja eficácia é a base de toda sociedade sólida, com valores que perpassam muito tempo e se adaptam com o próprio tempo. Esta palavra foi repetida, para que não esqueçamos do tempo.

Voltei ao passado utilizando uma fábula avícola. Termino-a não com uma fábula mas com a história real e comovente de uma outra ave, o Dodô, para que dessa história saibamos garimpar sabedorias e de mãos dadas com esta sabedoria, possamos caminhar em direção ao arco-íris. E possamos entender o porquê do subtítulo DE VOLTA A UM PASSADO RECENTE.

Contam que o saudoso Douglas Adams, comoveu-se com o triste caso do Dodô. Por causa disso, em um dos episódios da série Doctor Who que ele escreveu para o rádio nos anos 1970, a sala do idoso Professor Chronotis, em Cambridge, fazia às vezes de máquina do tempo, que ele usava para um único propósito, seu vício secreto: as visitas repetidas às Ilhas Maurício, onde ele vai chorar pelo Dodô. Por causa de uma greve na BBC, esse episódio nunca foi transmitido, e mais tarde Douglas Adams reciclou o persistente motivo do Dodô em outra novela denominada Agência de Detetives Holística.

Numa certa ocasião, o conto do Dodô caiu nas mãos de um benquisto professor universitário. Ao lê-lo, o professor comovido de tanta emoção não suportou suas lágrimas, seus olhos marejaram e ele com vergonha dos alunos escondeu num canto do corredor. Foi quando alguns alunos se aproximaram e perguntaram:

- Porque choras professor?

E assim rodeado de alguns alunos, com ar professoral de sempre e com sabedoria, o professor respondeu:

- Choro pela triste história do Dodô!

Percebendo que seus alunos não entenderam, começou a explicar:

- Dodô era uma ave indefesa que habitava as Ilhas Maurício, localizada no oceano Índico, descoberta por marinheiros portugueses e holandeses. Após uma série de atrocidades cometidas por estes, esta foi completamente extinta.

Os ancestrais do Dodô chegaram até o local hoje denominado Ilhas Maurícias ou Maurício, ainda aladas. Com o passar dos tempos, a seleção natural que está sempre mexendo nas espécies, diminuindo, expandindo, ajustando, pondo e tirando, otimizando o êxito reprodutivo imediato, contribuiu para que os dodôs perdessem as asas, pois não precisavam mais delas, especialmente porque não encontraram predadores na ilha e, assim, por milhares de anos, viveram e construíram suas colônias.

Quando os navegantes portugueses chegaram a Maurício em 1507, os abundantes dodôs, grandes aves que chegavam a pesar até 15 quilos, eram completamente mansos e se aproximavam daquelas novas figuras, sem receio ou desconfiança, já que por milhares de anos não haviam confrontado com predadores. Os infelizes dodôs foram mortos a pauladas pelos portugueses e mais tarde pelos holandeses. Muitos foram mortos por esporte. A extinção veio a galope. Como é comum, ela ocorreu por uma combinação de fatores. Os humanos introduziram na ilha cães, porcos, ratos e refugiados religiosos. Os cães os caçavam de forma esbaforida, os porcos e ratos comiam seus ovos, os humanos plantavam cana-de-açúcar e destruíram os seus habitats.

Chorar pelo Dodô, me remete a todas estas situações e outras mais, por isto, choro também por aqueles que o modelo fez com que perdessem seus territórios, choro pelos sem teto, choro pelos que foram enganados, choro por aqueles que o sistema fez perder o amor pela vida, choro pelos que tem fome.

Mas gostaria de lhes falar também, que por detrás de todo este chorar, que se manifesta de forma explícita, esconde um choro ainda mais dolorido, que procuro esconder, para que ninguém possa ver meus olhos marejados. Este choro é pelos elementos fundamentais que a educação perdeu, principalmente a dignidade, o respeito, o entusiasmo e o orgulho de ser professor. Para mim ele é o sinônimo da própria vergonha, por isso procuro chorar escondido e bem baixinho. Sinto vergonha da incapacidade de não poder ter evitado os tenebrosos caminhos que conduziram a educação para a situação em que se encontra.

E por último, dirigindo-se aos alunos ainda falou:

- A compreensão da realidade atual cibernética, a inércia na tomada de atitudes radicais, a falta de conscientização, a abdicação do papel fundamental da educação na formação de cidadãos conscientes, e o abandono da busca da felicidade e liberdade, são situações que somente poderão ser explicadas, ou talvez compreendidas, através da mudança radical dos padrões de como vimos o mundo, e como o vemos atualmente. Para isto, a busca de novos paradigmas se torna imprescindível. Os que existem são incapazes de fornecer as respostas necessárias para acharmos o caminho do êxito e do equilíbrio.

 

Se falharmos nesta missão, é possível que tenhamos o mesmo destino dos saudosos dodôs, mas certamente não sobrará ninguém para chorar por nós.