sábado, 26 de agosto de 2017

O MITO DO PORTAL DA SAPOPEMA



Altair Sales Barbosa

Sapopema é nome de uma raiz peculiar em virtude do tamanho e configuração. Essa raiz monumental desenvolve junto ao tronco de algumas árvores da família moraceae, que ocorrem nos ambientes ribeirinhos. A raiz chega a circular toda a planta atingindo até mais de 3 metros de altura, e se alarga junto ao solo, formando espécies de abrigos, capazes de alojarem em seus compartimentos uma família nuclear.

Existe a crença entre os indígenas e caboclos brasileiros, que entre essas raízes gingantes, situa-se o local onde dormem os curupiras.

Ainda narra a história que na árvore normalmente também designada sapopema, existe uma porta secreta, por onde as pessoas passam e entram numa outra dimensão, onde tem sonhos e visões delirantes que lhes mostram o passado e em alguns casos, até o futuro. Os sonhos permitem ainda aos que conseguem passar pelo portal, entrarem em contato com os parentes e amigos que já deixaram esse mundo.

O mito narra, que quando a pessoa retorna, mergulha num sono profundo e quando acorda se encontra muito disposta e entusiasta, para enfrentar o labuta do dia a dia.

Comentários:

Esse mito foi coletado pelo Prof. Altair Sales Barbosa na Serra dos Pacaás-Novos, junto aos índios Parintintin, durante os trabalhos de contato com os indígenas Urueu-Wau-Wau (1986). As viagens maravilhosas através do portal devem ser resultado do efeito de alguma bebida alucinógena. O local onde ocorre a sapopema é acolhedor e propício para essas pratica, muito comuns entre os povos indígenas do Brasil, grandes conhecedores dos segredos vegetais. 


sábado, 5 de agosto de 2017

O FUTURO DO PLANETA TERRA


Uma Pequena Reflexão

Altair Sales Barbosa

Para que se possa entender às questões ligadas ao futuro do Planeta Terra é pré-requisito compreender toda dinâmica que envolve a origem do próprio Universo.

Segundo os princípios da Filosofia Cósmica, que se fundamenta na Física Quântica, o universo teria originado a partir de um ponto que se tornou infinitamente quente e sólido ocasionando uma grande explosão que deu origem a vários fragmentos que entraram em processo de expansão. Entretanto, não há consenso entre os físicos e astrônomos quando mencionam este fato, se estão referindo ao Universo como um todo, ou apenas um fragmento deste, denominado Sistema Solar.

Uma explicação da origem do nosso sistema solar, associado ao material interestelar, situado num dos braços espirais da via láctea, afirma que o material entrou em colapso e foi condensado. O colapso gradual desse material associado à influência da gravidade, foi achatado e começou a rodar em sentido anti-horário.

A rotação e a concentração do material interestelar continuaram e deram origem ao Sol embrionário. A turbulência dessa nebulosa produziu redemoinhos localizados, onde o gás e as partículas sólidas se aglutinaram. O processo de aglutinação permitiu o acumulo de massas com partículas de diversas naturezas, chamadas planetesimais, que com o passar dos tempos se transformaram em corpos planetários. 

Por volta de 4 bilhões e 600 milhões de anos, uma grande quantidade de material reunido em um dos redemoinhos turbulentos, que girava em torno do recém formado Sol, deu origem ao Planeta Terra.
Da mesma forma, tendo ao centro o Sol, nebulosas gasosas se condensaram e deram origem a planetas de vários tamanhos, que juntamente com outros materiais começaram a girar em torno do Sol. Alguns planetas pequenos continuaram a incorporar materiais, que contribuíram para aumentar sua massas. Outros se colidiram e assim por diante. O processo não é tão simples.

No caso da Terra, toda vez que incorporava pequenos planetas e meteoritos, a energia da colisão se convertia em calor, formando um mar de magma. Por isso, uma bola de fogo corresponde a imagem da Terra em seus primórdios. Cada vez que havia impactos, minerais silicatados liberavam para o espaço, átomos de hidrogênio e oxigênio, que formavam moléculas H2O. No início essa água se apresentava na forma de vapor, depois houve condensação, mas a água no estado líquido, não conseguia chegar até a superfície da Terra, em função do alto nível de calor, que fazia a água evaporar. Entretanto, com o passar do tempo, houve um resfriamento que permitiu que a água da atmosfera se precipitasse sobre a Terra. Assim o planeta foi recoberto por um oceano primitivo que o circundava numa espessura média de 4 km.

A existência da água em estado líquido na superfície da Terra, possibilitou a formação de diversos tipos de rochas, cujos detalhes não cabe especificar neste artigo. Algumas dessas rochas em função da densidade, emergiram, formando as terras emersas, que depois viraram massas continentais com formas e composições variadas ao longo do tempo. Portanto, nos seus primórdios a Terra é comparada a uma bola de fogo, depois se transformou em bola de água. De lá para cá se passaram 4 bilhões e 300 milhões de anos.

É muito difícil fazer previsões. Entretanto tudo que tem um começo, um dia terá fim, pelo menos, dentro dos parâmetros que conhecemos. Não temos certeza porém se antes da grande explosão, que deu origem ao universo conhecido, já existisse algo.

Não sabemos também como os seres humanos evoluirão daqui para a frente, ou se serão extintos, por causas naturais ou por causas produzidas por eles mesmos. Casos como estes, que envolvem extinções, são corriqueiros na história evolutiva da Terra.
Sabemos que durante os bilhões de anos da sua história evolutiva, o Planeta mudou muito de configuração, já foi Pangéia, Gondwana, Laurásia. Possuía mares onde hoje existem montanhas de calcário, etc. Mais recentemente, áreas desérticas se transformaram em ambientes florestados e vice-versa etc, sem que o planeta deixasse de existir.

Sabemos também que os elementos radioativos existentes no interior da terra, que representam importantes fontes de calor. Um dia irão desaparecer ou exaurir-se. Desse modo a energia geotérmica, que movimenta o interior do Planeta, irá extinguir-se, fazendo com que o campo magnético também deixe de existir. Por repetidas erupções vulcânicas, a água existente no interior da Terra, será evaporada e decomposta, tornando-se gradualmente mais escassa.

O que se pode afirmar com base nos conhecimentos atuais é que daqui a 900 milhões de anos, a expansão do Sol poderá provocar o incremento do calor recebido pela Terra. Nesta situação, os oceanos irão evaporar totalmente. O Planeta inteiro será intemperizado e convertido numa estrela sem vida. Passados mais 5 bilhões de anos, o Sol transformar-se-á em uma estrela gigante que engolirá a Terra e todo o Sistema Solar. Portanto, se algum dia o Planeta Terra se extinguir, será por causas naturais, ou obedecendo a própria lógica da Filosofia Cósmica.



O homem com toda sua onipotência, jamais terá a capacidade de destruir a Terra enquanto planeta. O que ele pode fazer é alterar ecossistemas e nichos ecológicos, que modificam as paisagens e leva a vida à extinção, inclusive a própria sobrevivência do Homo-sapiens-sapiens.




A PEDRA FUNDAMENTAL DO MEMORIAL SERRA DA MESA



José Alves
Presidente da Fundação Serra da Mesa


2006...uma pedra fundamental foi afixada no solo marcando o início de um novo tempo. As velhas e imponentes árvores, com seus troncos retorcidos e belos, próprios do nosso rico cerrado, a que tudo assistiram, podem contar a história, e hoje, tenho muito tempo para ouvi-las, e elas querem falar! 
                   
Plantadas pelo Criador nesse lugar estratégico, viram todas as mudanças que em tão pouco tempo ocorreram. Passado e presente se encontram porém, não podem dar as mãos pois se distanciaram tanto... algumas cortadas, outras submersas, e outras viraram cinzas pelas queimadas. Assentado aqui, na entrada do Memorial, ouço-as gemendo e consigo entende-las contando tristemente a história  que presenciaram estando nesse mesmo lugar:  quando os primeiros habitantes, donos da terra que, por não terem  um papel que provassem a validade de seus direitos, tendo todavia o aval do Criador, foram expulsos; quando os rios cerceados de sua liberdade de trilhar seu caminho foi morrendo aos poucos, junto com toda pluralidade e  diversidade dos peixes e animais, aves e répteis que habitavam suas águas , rio que desaparece aos poucos como uma lágrima que seca ao escorrer pela minha face. Elas sentem falta dos animais que outrora corriam livremente, parindo suas crias e descansavam à sua sombra de galhos floridos e se alimentavam da doçura de seus frutos ímpares e tão desconhecidos ainda, tristemente os viram sendo guardados, mortos e mumificados, se transformando em peças do museu.

Sim...posso ouvi-las com seu canto triste narrando uma história passada e um presente doído sem perspectiva de futuro, enquanto o bicho homem não entender que ele morrerá na mesma velocidade com que destrói o que resta da natureza teremos que ouvir apenas lamentos dessas rainhas.

À porta do Memorial Serra da Mesa enquanto aguardo, as poucas pessoas que ainda amam essa riqueza que foi guardada com tanto amor e requinte, converso com elas... e vejo que se sentem bem quando alguém lhes dá atenção. Aqui, pelo menos, sabem que estão seguras e serão preservadas, portanto não correm o risco de desaparecerem no ar como pó.