Quando a ciência não consegue explicar determinados fenômenos ou fatos que circulam pelos campos da Filosofia, Antropologia, Sociologia, Psicologia, Ciência Política etc., os "cientistas" costumam recorrer às hipóteses, as vezes mal formuladas, que aos poucos vão se tornando verdadeiras e se transformam em teorias.
Assim, diante do fato político de um dos candidatos à Presidência da República se encontrar muito à dianteira dos demais e considerando que durante seu mandato presidencial o candidato não foi coerente com os princípios que sempre nortearam os seus discursos, em virtude da ausência de explicações racionalizadas somos obrigados a recorrer à "Teoria do Galo Dourado", para explicarmos este fato que ora desenha o quadro político brasileiro.
Para compreendermos a citada teoria teremos que lançar mão de uma pequena história. Há alguns anos, um menino morador de uma pequena cidade do interior tinha como passa-tempo criar alguns galos-de-briga e colocá-los em constante competição no pequeno quintal da sua casa. Dentre os galos havia um, de pescoço comprido, penas reluzentes, esguio e valente, na realidade o "rei do terreiro..." Entretanto, é importante salientar que entre os galináceos existe um comportamento bastante peculiar que consiste no chamado "bicamento".
O galo mais valente tem o direito de bicar na cabeça do segundo mais valente, este, no terceiro e assim sucessivamente. Isto ocorre também entre as galinhas e frangos, estabelecendo uma hierarquia muito bem estruturada, hierarquia esta que, permite ao galo mais valente, quando chega a hora da distribuição da comida, expulsar os outros menos valente e saciar a apetitosa comida juntamente com o grupo, deixando a sobra para os demais.
Voltando à história do menino, um dia sua mãe compra na feira um belo galo preto, mestiço de tuso com hachura (raças asiáticas, especialistas em competições). Ao ser solto no quintal, o galo já foi avançando sobre os demais surrando todos eles. Quando o menino viu aquela cena, pensou consigo mesmo e exclamou: esse galo é o cão! Vai acabar batendo também no meu galo dourado. Antes que se concretizasse a batalha entre os dois galos, o menino peou o galo preto e o amarrou por uma das pernas numa tora de madeira, atiçando para cima do pobre galo seu preferido galo dourado, que surrou por demais o galo preto, deixando-o desorientado. Depois do acontecido, o menino soltou o galo preto, que já condicionado pela surra não mais enfrentou o galo dourado, que continuou sendo o dono do terreiro.
Deixando o terreiro dos galos, e voltando ao terreiro da política, somos obrigados a retornar ao tema inicial. Um governo que se elegeu apontando no horizonte a felicidade para todos e conseguiu transformar a metafísica em neurose, deixando claro que às vezes a essência da felicidade pode ser comprada com algumas mentiras baratas. Um governo que fez a esperança tornar-se num rio cujos ruídos de suas águas não escutam nossa sede; que introduziu os transgênicos no Brasil sem uma discussão correta, ética e honesta, com a sociedade brasileira; que apagou o Ministério do Meio Ambiente, transformando-o numa sombra do feroz Ministério da Integração Social, e que juntamente com este Ministério está sorrateiramente executando as obras para transposição do rio São Francisco, quando ele mesmo sabe que isto significa, a médio prazo, a morte do rio.
Um governo que salpicou de pequenas barragens os rios brasileiros, contrariando a legislação ambiental; que tampou os ouvidos para a ciência brasileira; que incentivou a proliferação das Faculdades pegue-pague; que degradou o meio ambiente com uma fúria nunca vista na história brasileira e ainda quer transformar o que resta de intacto numa grande plantação de mamona e num imensurável canavial, como se explica esta dianteira nas estatísticas da pesquisa?
Necessitaríamos de muita reflexão para tentarmos justificar as injustificáveis incoerências cometidas, e não conseguiríamos justificá-las. Portanto a única teoria plausível capaz de esclarecer no momento tal fenômeno é a "Teoria do Galo Dourado", que é explicada por uma das duas formas: ou o povo brasileiro gosta de levar bicadas na cabeça, ou de tanto levar bicadas o povo perdeu a memória.
(Publicado no jornal O POPULAR, de Goiânia, em 11 de setembro de 2006)
Exelente teoria, parabéns!
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